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Taylor Jacobson |
A última "alhada" em que me meti já se passou há algum tempo. E quando digo passou, é porque passou mesmo. Lidado. Digerido. Encerrado.
Mesmo assim, confesso que, de tempos a tempos, ainda dou por mim a ir ao blog dele. Não porque sinta saudades (sinto saudades do amigo que ele era, nada mais - e mesmo a isso já me habituei), mas talvez por pura curiosidade de saber sobre o que é que ele escreve agora (já que, em tempos, eu bebia cada palavra que ele ali largava).
De há um (largo) tempo para cá, tornou-se impossível passar naquele poiso e não sentir uns fornicoques gravíssimos com o que leio. Tanto que a visita demora pouco mais de um minuto, até me dar uma gana descomunal (ou um acesso de bom senso, vá) e eu lançar freneticamente o cursor do rato para aquele quadradinho vermelho ali no canto superior direito do ecrã, com aquela bela cruzinha que põe, finalmente, término ao meu tormento.
Desengane-se quem possa achar que são ciúmes por haver alguma rapariga ao barulho; o blog dele não é, de todo, desse género. Ele fala de assuntos correntes, trivialidades, uma ou outra dissertação sobre temas diversos. Transversal a todos esses temas é a opinião dele. E se em tempos eu sentia aquele baque de "alma gémea" ao falar com ele, tão profundamente partilhávamos os mesmos pontos de vista, hoje fico siderada ao ler o que ele escreve.
Dava gosto debater com ele. Sobre tudo e sobre nada. Podíamos discordar sobre muita coisa, mas os argumentos dele eram lógicos, válidos, fortes e, indubitavelmente, inteligentes. E sempre num Português correctíssimo, nunca demasiado banal, jamais rude. Pois que, aparentemente, um ano depois tudo se inverteu - uma verdadeira volta de 360º. Dali sai cada coisa mais disparatada, escrita de forma mais abutre, que eu não consigo rever o rapaz que em tempos amei numa única palavra do que para ali vai. E isso, isso faz-me muita comichão. Muita mesmo.
Como é que alguém se distancia tanto de si mesmo, no espaço de um mero ano...?